Abertura

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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Vida Pós-Câncer

Tenho procurado viver cada dia como único, mesmo antes do diagóstico do câncer, por este motivo não estava preocupada em como seria a minha vida após a cirurgia, meu único pensamento era sobreviver e se possível escapar da radiação e da quimioterapia, e Deus me concedeu esta graça. Por este motivo eu já agradecia a todo momento que me lembrava o quanto poderia ser pior.
Há muitos anos eu faço um pequeno Diário com minha agenda Bíblica, faço as leituras diárias, rezo meu terço, meditação, enfim minha rotina de encontro com Deus Pai, Abba, seu filho Jesus e o Espírito Santo de quem sou grande devota. O diário me proporciona não esquecer fatos importantes, tenho a tendência a esquecer e perdôo com muita facilidade.
Relendo meu diário de 2009, relembrei o quanto foi triste o início de 2009. O Natal havia terminado, a neve em Vancouver foi um fenômeno aquele ano, há muitos anos não nevava tanto lá. Eu não podia dirigir e a neve soterrou meu carro. Eu me movia bem, o braço direito fazia o trabalho do esquerdo e eu fazia as tarefas de casa como podia. Para festejar o início de 2009, fui com meu filho para o Lonsdale Quay, jantamos juntos com a namorada dele e algumas amigas dela. Eles foram para a cidade e eu decidi caminhar pela Avenida na volta para casa. Estar viva era tudo de bom, mas muitas vezes as dores e a limitação, me faziam pensar como seria a minha vida depois da mutilação. Eu tinha a prótese temporária, e pensava da dor da minha sogra e da minha melhor amiga que ao acordarem da cirurgia, não tinham mais nada! Quero lutar para que no futuro nenhuma mulher passe por isto, é muito difícil. Sempre cuidei tanto do meu corpo, o corpo é templo do Espírito Santo, sou vaidosa também. Uma cirurgia mutiladora não é fácil...eu me imaginava uma Amazona - Amazona é o nome dado pelos gregos às mulheres guerreiras. Segundo os Gregos, as Amazonas para melhor manejarem o arco, as flechas e as lanças, comprimiriam, queimariam ou cortariam, na puberdade, o seio. Daí a origem do nome a (prefixo de negação) + mazóz = peito (em grego), o que significa mulheres sem peito. Isto passou-se há mais de seis mil anos! Portanto as mulheres mastectomatizadas se identificam com o nome das Amazonas. Sempre existe uma forma de alivio e consolo. Creio que esta força vem de Deus, Ele sempre está nos ajudando! Está SEMPRE presente para quem tem fé e O procura!
O primeiro dia de 2009, não foi fácil. Tive dor e não saí o dia todo. Só deitada no sofá. Para dormir (desde a cirurgia), colocava uma almofada sob o braço esquerdo, era a única forma de descanso. Não pude ir à Missa celebrar com Nossa Senhora, rezei em casa mesmo. Eu as vezes me questionava: O que fiz de errado? Me alimento tão bem, sempre me exercitando, sou uma pessoa alegre, positiva, por que o câncer? Foi stress? O que posso tirar de lição desta avalanche que se abateu sobre mim? O que posso tirar de bom desta história? Como ajudar outras mulheres que tiveram este diagnóstico ou como ajudar para que no futuro todas tenham saúde e possam viver longas vidas?
Vou parodiar Madre Teresa de Calcutá, ela não era contra a guerra, era a favor da paz. Quero ser a favor da saúde completa e não contra o câncer, tudo o que se nega, fica mais difícil de combater. Eu tinha medo da doença, teria sido uma premonição? Durante muitos anos exercitei o peitoral nas aulas de musculação, sempre pensando em modelar meus seios e não ter a doença. Se aconteceu, deve ter um motivo maior.
Os dias se sucediam em Vancouver, vale dizer que gosto demais desta cidade, tenho uma legião de amigas (os) lá, sem contar que um dos meus filhos mora lá. A neve persistia, eu sentia o peso da prótese e dores, mas uma amiga que já havia passado pelo mesmo processo, disse que a prótese definitiva seria mais leve e tantas mulheres colocam silicone, por nada! Apenas para aumentar os seios. Pensando positivamente eu me olhava de roupa e nem dava para notar a mutilação, ela estava lá, mas só eu via. Comecei a reagir e pintei um São Francisco de Assis com tinta acrílica, foi gratificante. Peguei meu tapete de Arraiolo e decidi terminar, fiquei me dedicando aos trabalhos manuais, as cores, a criação me distraia e eu não pensava no futuro.
Tinha que ter paciência, só em abril eu teria a cirurgia para o implante de silicone e o médico estava feliz com a minha recuperação. Eu seguia agradecendo a Deus por não estar tomando radiação nem quimioterapia, foi verdadeiro milagre Dele, eu só conseguia agradecer.
Depois do implante da prótese definitiva comecei a dirigir meu carro, o que me trouxe grande satisfação! Já em Maio pude vir me recuperar no Brasil, junto da minha genitora que este ano completa 90 anos, lúcida e sem câncer. Tenho aqui também meu filho mais velho que pude abraçar e uma linda afilhada. Minha mãe não sabia da doença, nem minha afilhada, preferi contar pessoalmente, pois a palavra câncer é muito dolorosa para os familiares.
Duas grandes amigas minhas, que também tiveram a doença, me apoiaram muito aqui no Brasil. Uma delas me levou para conhecer a Cura Prânica. Como mencionei anteriormente não tenho preconceito algum e gostei demais do grupo, que inclusive inicia a sua meditação com a oração de São Francisco de Assis, de quem sou muito devota. Uma coisa que me encantou foi como eles dirigem a meditação para a cura do planeta, tem tudo a ver comigo, nosso planeta está sofrendo com muitas agressões.
Eu estava me concentrando muito na alimentação e tendo cuidado para não me tornar obsessiva, afinal eu estou curada, e tomo um remédio diariamente para o câncer não voltar, um remédio caríssimo que o governo do Canadá providencia para mim. Sou muito grata ao Canadá, aos médicos que me atenderam e me atendem com tanto carinho. Faz toda a diferença o tratamento e a empatia com os profissionais.
Quanto aos exercícios físicos, nunca deixei de caminhar, sendo em Vancouver ou aqui no Brasil, eu continuei praticando as minhas caminhadas. Tinha cuidado com o braço, especialmente quando doía.
Mas e a musculação? Dentro de mim achava que só poderia voltar a fazer nas pernas. A primeira vez que estive no Gym (ainda em Vancouver), eu chorei ao ver todos aqueles aparelhos que eu usava três vezes por semana e que agora não poderia usar mais. Os instrutores foram super compreensivos e passei a fazer o circuito apenas com as pernas. Eu teria que esperar pelo menos 6 (seis) meses, para saber o que iria acontecer.
Depois da minha estadia no Brasil, voltei ao Canadá para o check up e tudo caminhava bem, exames de todo o tipo, sangue, mamografia do seio não afetado, nova cirurgia plástica para detalhes de reconstrução final, exames de tireóide e densidometria óssea. Este último detectou uma perda e o médico adicionou outro remédio para segurar no corpo as altas doses de cálcio que tenho que tomar.
Finalmente fui visitar a cirurgiã geral e saber qual o tipo de exercícios que poderá fazer com os braços. Ela me falou: Você pode e merece fazer tudo o que quiser, apenas escute seu corpo e vá devagar. Tudo? Até musculação? Sim, ela respondeu. Eu já estava com a minha volta ao Brasil programada, meu filho mais novo que morava comigo, agora já tem 26 anos e está morando com a namorada que é um encanto de pessoa. Hora de retornar, retomar minha vida, meus projetos. Até de bicicleta (outra paixão) eu poderia andar!
No Brasil procurei uma academia de ginástica e precisava de alguém especializado para me ajudar a voltar a me exercitar paulatinamente. Eu ia poder voltar a exercitar o lado esquerdo! Só consigo agradecer a Deus por mais esta graça que Ele me concedeu. Consegui uma academia nos moldes dos Centros Recreacionais do Canadá. Comecei com Yoga e Hidro ginástica até ser atendida por um personal trainer. Um rapaz jovem e competente que aceitou o desafio de me ajudar. Nunca havia tido um caso como o meu. Nós começamos. Foi muita emoção para mim segurar novamente as barras com as duas mãos, no começo tentei proteger o braço esquerdo, medo da dor. Mas devagar fui confiando, os pesos eram bem leves e a cada dia estou melhorando. Estou escrevendo tudo isto para você que está lendo, pacientemente, divulgar que quem se exercita se sai melhor em qualquer circunstância. Saiu até no jornal O Estado de São Paulo edição de 5 de Fevereiro de 2010: Alimentação saudável e exercícios podem evitar 19% dos casos de câncer. Se o País não adotar medidas de prevenção, incidência da doença de crescer 35% em 10 anos, alerta o Inca (Instituto Nacional de Câncer) em parceria co o Fundo Mundial de Pesquisa contra o Câncer (WCRF).
Vou fazer a minha parte, alertar o quanto puder as pessoas para a alimentação saudável, a reportagem que citei acima alerta para não consumirmos, presuntos, salsichas, lingüiças, mortadela e salame- eles não figuram num cardápio saudável.
A alta densidade energética também deve ser evitada, alimentos com mais de duas calorias por grama de alimento, como biscoitos, refrigerantes, frituras (batatas, hambúrgueres) e cereais matinais com açúcar ou chocolate.
Aqui eu faço a ressalva: muitas pessoa vão fazer tudo errado, fumar, não se exercitar, comer em demasia e não vão ter câncer, mas uma grande porcentagem vai ter, portanto vamos alertar, cada um tome a sua decisão.
Quem me conhece acha que o fato de eu ter me exercitado ao longo da vida me ajudou, minha alimentação antes da doença continha muitos produtos lácteos, que agora eu diminui muito. Diminui os doces, refrigerantes raramente. Aumentei as doses de verduras como o Brócoli, a Couve e a Couve-flor. Descobri a Quinoa, é só ir até a apostila "O Câncer e a Alimentação", você vai encontrar lá algumas receitas e se estiver disposto (a) a conversar, estarei aqui. Vamos nos ajudar? Vamos ajudar o Planeta lindo em que vivemos, linda nave Planeta Terra que é Dele e do qual somos apenas viajantes?

Abraço com carinho você que esteve visitando meu site,

Ana Maria.

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